"Horizonte Brilhante", um poema de Ahmad Shamlou

14/02/2016


Algum dia, encontraremos nossas pombas
E a bondade dará as mãos com a beleza
Neste dia, o menor dos ruídos será o de um beijo
E todo ser humano,
será um irmão para o outro ser humano
Neste dia, as portas das casas não serão trancadas
Os cadeados serão apenas lenda
E o coração será suficiente para viver
O dia em que o significado de todo discurso será amar
Então ninguém precisará buscar o significado desta palavra
O dia em que a melodia de toda palavra será a vida
E eu não sofrerei para buscar a rima certa para cada poema
O dia em que cada lábio cantará uma canção
E o menor dos ruídos será o de um beijo
O dia em que você virá para sempre
E a bondade será igual a beleza
O dia em que atiraremos sementes para as pombas
E eu espero por este dia
Mesmo que neste dia eu já não esteja aqui


- Ahmad Shamlou*

*Ahmad Shamlou (1925-2000), foi um poeta, escritor e jornalista iraniano de etnia azeri nascido em Rasht. Considerado o mais influente dos poetas modernos do Irã, suas primeiras poesias foram influenciadas pelo estilo de Nima Yushij. A base de sua poesia é a imagética tradicional iraniana, familiar para seus leitores, com referências a obras dos grandes mestres como Hafez e Omar Khayyam
Shamlou foi o responsável pela tradução de muitas obras do francês para o persa e seus próprios trabalhos também foram traduzidos para vários idiomas. Ele também é autor de várias peças, editadas a partir dos clássicos persas, especialmente Hafez. Seu 13º livro Ketab-e Koucheh (O Livro do Beco) é uma grande contribuição para o entendimento das crenças do folclore iraniano. Ele também escreveu ficção e roteiros para filmes, contribuições para a literatura infantil e jornalismo.

(Tradução do poema adaptada de Zócalo Poets)

6 comentários:

  1. Ahhh que maravilha... tb espero por esse dia! Mesmo que eu tb não esteja mais aqui Azizam.... Voto por mais e mais poemas e poesias!!! 💖 Mersi! Booooos!

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    1. Este poeta é um dos mais queridos do Irã azizam! A poesia sem dúvida é a expressão da alma!

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  2. Conheci esse blog recentemente e também voto por mais poemas.

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    1. Seja bem vinda Alana! Fiquei encantada em saber que há leitores que amam poesias! Pode deixar que a poesia persa sempre terá lugar de destaque aqui no blog!

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  3. Naqueles virão
    Todos os poetas conhecidos
    Cantaram com os desconhecidos
    Todos serão

    Não terá divisão
    Entre as poesias ternas e as eternas
    Muitas serão as poesias
    Poucas serão eternas

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  4. NA TERRA DA POESIA CENSURADA

    na TERRA da poema censurado
    Cesurei

    pus a mão na boca
    cortei meu grito
    amarrei guardanapo
    desmusicalizei o ritmo
    e na ferida pus esparadrapo

    Fiquei mundo
    Mundo mudo sem falar
    e desconectado
    nem se quer era permitido
    gesticular uma palavra
    Até mesmo os próprios mudos
    tinham que se calar
    de qualquer forma
    TERRA da censura
    era proibido se expressar

    Mas como eu falei
    censurado o poema
    que soprei soprei no vento em silêncio da poesia
    que os ouvidos surdos mudos de censura
    Ouviram sem querer a poesia da alma

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