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Salam amigos! Hoje, vamos recordar uma data especial do antigo calendário iraniano: o festival de Bahmanagân. Este festival é celebrado no segundo dia do mês de Bahman (que corresponde a 21 ou 22 de janeiro do nosso calendário).
Na religião ancestral do Irã, o zoroastrismo, o arcanjo Bahman ou (Vohu Manah, no persa antigo) que dá nome a este mês é considerado o guardião dos animais. Por isso, o festival de Bahmanagân é lembrado como um dia em que as pessoas evitavam comer carnes e abater os animais. Alguns zoroastrianos continuam a se abster de carne e matar animais durante todo o mês de Bahman.
Outros símbolos do Bahmanagân são a cor branca, a flor de jasmim e o galo que representam o anjo guardião do mês de Bahman.
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Representação do Bahmangân em um relevo de Persépolis |
Costumes e tradições do Bahmanagân
De acordo com os historiadores persas Biruni e Gardizi, nesta data, na região de Khorasan (atual nordeste do Irã), era costuma preparar uma variedade de carnes (provavelmente abatidas antes da data) e todos os tipos de grãos, vegetais e frutas eram cozidos juntos em uma panela chamada dīg-e Bahmanjana (pote de Bahmanagān). As pessoas se deliciavam com esse prato que também era muito vendido no bazar.
Outro costume deste festival era comer as flores vermelhas da "planta de Bahman" (uma espécie de cenoura silvestre) e as folhas da arruda silvestre (sepand), que eram espalhadas na comida, adicionadas aos ingredientes da panela e também comidas com açúcar ou leite. Acreditava-se que essas misturas fortaleciam a memória e também espantavam o mau-olhado.
De acordo com o dicionário Borhân-e ghâte, acreditava-se que o dia de Bahmanagân era especialmente auspicioso para colher plantas e raízes medicinais, para extrair óleos e fazer perfumes. O dia também era recomendado para vestir roupas novas, aparar as unhas e os cabelos.
Esses costumes originavam-se da crença dos zoroastrianos de que cada um de seus dias sagrados tinha um caráter especial, tornando-o apropriado para uma tarefa específica. Hoje, no entanto, as observâncias detalhadas do festival desapareceram até mesmo entre os zoroastrianos, embora o Bahmanrūz continue a ser um dia especialmente sagrado para eles.
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Imagem do site Pars History |
Bahmanagân na história do Irã
O Bahmanagân foi um dos festivais zoroastrianos que os iranianos muçulmanos ainda mantinham no período islâmico, até a invasão mongol em 1219. As festividades desta data eram celebradas tanto entres as classes do povo, como nas cortes reais.
Alguns historiadores até mesmo chegaram a confundir esta data com o Jashn-e Sadeh, outro festival zoroastriano importante realizado no décimo dia, deste mesmo mês de Bahman.
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Zoroastrianos do Irã celebram o Bahmangân (imagem do site p30iran.com) |
Bahmanagân no Irã de hoje
Atualmente, embora pouco lembrado o moderno festival que também é conhecido como Bahmanruz continua a ser um dia sagrado para a comunidade zoroastriana no Irã.
Em 2016, ativistas do meio ambiente e dos direitos dos animais no Irã nomearam o dia 16 de janeiro como o “Dia Nacional dos Animais” por se tratar de uma data próxima ao Bahmanagan e por seu significado especial na cultura persa (fonte: Tasnim News).
🔗Artigo adaptado de Encyclopaedia Iranica
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