Breve história do Nowruz (Ano Novo Iraniano)

25/03/2023


Salam amigos! Este é o ano de 1402 no calendário persa, e o blog Chá-de-Lima da Pérsia há 11 comemora a chegada  do Nowruz, o Ano Novo Persa! A virada do ano novo no Irã caiu em 20 de março, mas a comemoração dura 13 dias, encerrando com o Sizdah Bedar.

A tradição do Nowruz remonta ao período Aquemênida (c.500 a.C.) e aparece como a celebração da chegada da primavera, quando o sol volta a surgir com força e a natureza se renova. É o mais sagrado festival da herança cultural zoroastriana e a mais importante data nacional para todos os iranianos.

Os zoroastrianos acreditavam na existência de um espírito da luz que retornava nessa época do ano e vencia as trevas do inverno. Eles também acreditavam na vitória do bem sobre o mal.

No principio Ahura Mazda criou um mundo perfeito que era perturbado pelo espírito malvado de Ahriman. O tempo dos conflitos humanos é agora, mas será sucedido por um tempo eterno, quando o mundo será restaurado à perfeição. 

Entretanto, o tradicional festival da primavera também representa uma "Nova Era", recordando o tempo que finalmente trará eternas bençãos, acabando com todos os conflitos e culminando com a vitória do Bem sobre o Mal.

A data que inicia e o número de dias em que é celebrado era relacionado ao calendário de 365 dias  que os persas adotaram que era similar ao calendário egípcio, após a conquista de Cambises no Egito (525 a.C). 

Depois de uma reforma do calendário por Xerxes (486-465 a.C), os persas continuaram a usar seu calendário original de 360 dias e observavam corretamente suas festas associadas as seis criações que eram representadas pelos seis Amesha Spenta (divindades imortais). 

Essas seis criações com a festa dedicada a Ahura Mazda formavam um ciclo de sete festas, ou sete criações: céu, água, terra, plantas, animais, humanos e fogo/ sol. As dividades que protegiam cada uma das seis criações e Ahura Mazda, protetor do fogo/sol. Os símbolos das sete criações e seus protetores ainda podem ser vistos na mesa do Haft-Sin.


Os sexto festival, celebrando a humanidade era um dos mais importantes e incluía a maior festa a Hamaspatmaedaya, que era relacionada a noite dos Fravashis, que precedia o Nowruz. Esta era uma celebração onde as almas dos ancestrais mortos eram recordadas. 

A tradição de visitar túmulos de parentes mortos antes do Nowruz entre muitos iranianos hoje em dia, é uma continuação desta herança ancestral. Nesta noite tochas eram acesas para indicar aos mortos que os vivos estavam prontos para recebê-los de volta. 

Gradualmente este se tornou um festival de 10 dias antes do Nowruz, conhecido como Suri, que foi completado com fogueiras, orações, festas, música e personagens descritos por Abu Rayhan Biruni como Piruz, o Guardião e protetor dos espíritos. Acredita-se que o personagem Haji Firuz e sua face negra indica sua conexão com o mundo dos mortos.

A presença de dois conjuntos de calendários, acabou duplicando muitos festivais, incluindo o Nowruz que era celebrado duas vezes, um como o Nowruz religioso e outro em seu tempo de celebração baseado no calendário de 360 dias. 

O Nowruz principal permaneceu e era celebrado no primeiro dia do mês de Farvardin por seis dias. O sexto dia de Farvardin também acreditava-se ser o nascimento de Zoroastro, e este dia era a mais importante das celebrações. 

Os Aquemênidas celebravam o ano novo com grandeza em Persépolis. Os reis recebiam embaixadores e presentes de todas as nações sob seu domínio. Algumas relevos que representam estas celebrações ainda podem ser vistos em Persépolis.
O Nowruz continuou durante a dinastia dos Partas, onde foi descrito pela primeira vez no épico romântico Vis e Ramin que era originalmente datado dessa época, embora tenha sido composto no séc. XI por Fahkr Al-din Asad Gorgani. 

Ele descreve o banquete real, sob árvores floridas, regado a muito vinho ao som do canto dos pássaros e menestréis. As pessoas comuns também celebravam fora de casa, nos campos e jardins, com vinho e música, alguns montavam seus cavalos, outros dançavam ou colhiam flores, e nos dias que seguiam o Rei saía do palácio e distribuía presentes.

Também há muitas referências ao Nowruz nos tempos Sassânidas, descritas por exemplo no livro Bundahshn (Fundação da Criação) que descreve o mito da criação. 

O Nowruz é descrito como um dia em que o ciclo da vida começou e de acordo com este texto, quando Ahura Mazda criou a primeira das sete criações e seus protetores, os Amesha Spenta, seu mundo perfeito somente existia na forma espiritual e não material. Ahura Mazda criou o mundo material para aumentar seu poder e combater as forças do mal (Ahriman). Este dia da criação, quando a vida na terra começou também era chamado de Nowruz.

Em outro texto Zoroastriano, o Zadspram, são mencionadas outras características do Nowruz e seu senso de renovação como usar roupas novas e comer frutos da estação. O dia começa com um copo de leite puro e fresco e queijo fresco. Era um costume semear sete sementes, poucos dias antes, e deixá-las germinar até o dia sagrado. 

As celebrações dos tempos Sassânidas, começavam 10 dias antes do Ano Novo, quando a faxina da primavera era feita e o Festival de Suri celebrava os ancestrais mortos com fogueiras e músicas. O festival inteiro durava 21 dias.

A mais detalhada descrição do Nowruz na era Islâmica é feita por Abu Rayhan Biruni que também descreve sobre o calendário Zoroastriano em detalhes. Ele menciona algumas lendas associadas com o Rei Jamshid, um lendário personagem do Shahnameh. Ele também descreve que as pessoas se presenteavam com doces, comiam e bebiam, tocando instrumentos musicais e trocando presentes. Biruni também fala do costume de plantar sete tipos de sementes ao redor de uma bandeja.

Atualmente maioria dos iranianos celebra o Nowruz por 13 dias. Começam pela faxina anual das casas (Khaneh Tekani) e comprando roupas novas. Na última quarta-feira do ano chamada de Chaharshanbeh Suri  saltam sobre as fogueiras enquanto recitam versos desejando que seus problemas sejam resolvidos e que o fogo traga brilho para suas vidas. 

Estes rituais de purificação são características muito populares das celebrações de Nowruz. O Haji Firuz, com seu traje vermelho e face pintada de negro aparece alguns dias antes da festa cantando e dançando pelas ruas de todo o país. As famílias se reunem em volta da mesa do Haft-Sin (os 7 "S"), embora hoje em dia muitos utilizem mais de sete itens que nem sempre começam pela letra S. 

As celebrações começam no exato momento do equinócio de primavera, por isso que a data varia a cada ano. Depois que o Ano Novo é anunciado no rádio e na TV, as pessoas saem para visitar seus parentes e amigos levando presentes.

No 13º dia do Nowruz, há o encerramento das festividades quando todos os iranianos saem de suas casas para comemorar com um piquenique, brincadeiras e música nos parques. Este dia no calendário Zoroastriano corresponde à divindade Tishtrya (Tir) o protetor da chuva que recebia ofertas de plantas e flores atiradas às águas dos rios. Por isso há o costume de jogar o sabzi (broto de trigo) do Haft-Sin, nos rios como um remanescente do antigo  ritual de veneração a Tishtrya. 

Nos dia atuais, o Nowruz é considerado a celebração da vida e por isso também é festejado por iranianos muçulmanos e de outras religiões.


(Baseado em artigo de Massoume Price para o site Payvand Iran News )


!!! سال نو مبارک
Feliz Nowruz 1402! Sale no Mobarak à todos os amigos da Pérsia!

Feliz Nowruz - Ano Novo Persa 1402

20/03/2023



Hoje (20/03) às 00:55 (18:25 em Brasília), os iranianos celebram a chegada do Nowruz, o Ano Novo Persa de 1402!

E juntamente com esta data, chega a primavera no hemisfério norte, trazendo o despertar da natureza, o desabrochar das flores e a renovação da vida.

Além do Irã,  outros 15 países comemoram oficialmente o Nowruz, no Oriente Médio,  Ásia Central e Leste europeu,  além da comunidade persa ao redor do mundo. 

As comemorações do Noruz duram 13 dias, e durante estas duas semanas, vamos trazer muitas curiosidades e informações sobre esta magnífica tradição da cultura persa. 

Que o Ano Novo Persa traga para todos Amor, Alegria, Renovação,  Paz, Prosperidade, Saúde e Sabedoria.

🌺🌻🌼🌷🌸🌹🌱
Sâl e no mobârak! سال نو مبارک

Parvin Etesami: uma mulher notável na poesia iraniana

17/03/2023

Parvin Etesami


Salam amigos, esta semana no dia 17 de março, foi o aniversário de uma das mulheres mais notáveis da história da literatura persa: Parvin Etesami. No post de hoje vamos conhecer a vida, a obra e o legado desta que foi a primeira mulher a ter seus poemas publicados no Irã na primeira metade do século XX.
 

Vida: a menina que escrevia poesia desde os 8 anos...


Parvin Etesami, cujo nome real era Rakhshandeh, nasceu em 1907, na cidade de Tabriz. Seu pai era o proeminente jornalista e escritor, Mirza Yusef Ashtiani Etesami (Etesamolmolk) e ela tinha quatro irmãos.


Em 1912, ela se mudou de  Tabriz  para Teerã com sua família, onde iniciou os estudos na escola primária. Aprendeu literatura árabe e persa com o pai e desde os seis anos de idade acompanhou reuniões de literatura com a presença de notáveis poetas e escritores da época em sua casa.


Ela compôs seu primeiro poema em estilo clássico, aos oito anos e quando tinha onze anos já conhecia a maioria dos poetas iranianos.


Depois de se formar em 1924, na Iran Bethel, uma escola secundária americana para meninas, Parvin lecionou inglês por dois anos nessa mesma escola. Trabalhou como bibliotecária na Universidade de Teerã e recusou o convite para trabalhar como tutora da rainha na corte de Reza Shah Pahlavi.


Sua primeira coleção de poemas foi publicada em 1935, e ela se tornou a primeira mulher a ter sua obra publicada no Irã.  Em 1936, o Ministério da Educação a homenageou com a Medalha de 3º grau de Arte e Cultura mas ela se recusou a aceitá-la, provavelmente por considerá-la um prêmio de pouca valia. 


Parvin Etesami se casou em 1934 com Fazlollah Etesami, um primo de seu pai e mudou-se para Kermanshah, porém se divorciou dois meses depois. Com a morte de seu pai em 1938, Parvin  se sentiu privada de seu apoio amoroso e praticamente cortou seu contato com o mundo exterior. 


Ela morreu em 1940 em Teerã de febre tifóide, com apenas 33 anos de idade foi enterrada perto de seu pai em Qom.

Estátua de Parvin Etesami em sua casa em Tabriz | Crédito: IRNA

Obra: inspirada pelos grandes poetas clássicos


Parvin tinha apenas sete ou oito anos quando seu talento poético se revelou. Incentivada por seu pai, ela transformou em versos algumas peças literárias que seu pai havia traduzido de fontes ocidentais. Seus primeiros poemas conhecidos, onze composições impressas em edições de 1921-22 da revista mensal de seu pai, Bahār, exibem uma surpreendente maturidade de pensamento.


A primeira edição de seu divan, compreendendo 156 poemas, foi publicada em 1935 com uma introdução do laureado poeta Moḥammad-Taqi Bahar (1886-1951). A segunda edição, editada por seu irmão Abu'l-Fatḥ Etesami, incluindo a introdução de Bahar, foi publicada logo após sua morte em 1941.


A poesia de Parvin segue padrões tradicionais tanto na forma quanto no conteúdo. Na reclusão protetora de sua vida familiar, ela permaneceu inalterada, ou talvez até mesmo inconsciente, das tendências reformistas em curso na poesia persa. Tímida por natureza e isolada pelas normas tradicionais de conduta da época, Parvin nunca expressou seus sentimentos inibidos de amor e saudade.


Anedotas e poemas de conflito compõem a maior parte da obra de Parvin. Ela costumava usar criaturas animadas e inanimadas para expressar seus sentimentos de insatisfação e protesto social sem levantar suspeitas políticas. Por meio dessas figuras alegóricas, ela mostra um espelho da sociedade. Da mesma forma, nesses poemas ela expressa com eloquência seus pensamentos básicos sobre vida e morte, justiça social, ética, educação e a suprema importância do conhecimento.


Parvin é notavelmente silenciosa sobre as grandes mudanças e eventos que ocorreram na Pérsia durante os vinte anos de sua vida criativa (1921-41), sendo a única exceção o decreto de Reza Shah banindo o uso do véu das mulheres em 1935, que ela comemora com aprovação. No entanto, seu divan é um espelho fiel de sua tristeza interior sobre a situação de seu povo como a falta de justiça social, a pobreza, o sofrimento dos velhos, órfãos e doentes.


O conhecimento de Parvin sobre a poesia persa enriqueceu seus poemas narrativos com numerosos empréstimos de grandes poetas clássicos como Sanai, Saadi, Rumi, Khayyam, Hafez e Naser Khosrow. Ela também se inspirou nas fábulas de Esopo e La Fontaine e, nas traduções de seu pai, por exemplo, de Horace Smith e Arthur Brisbane. No entanto, o maior número de suas anedotas são suas criações originais.

Retratos de Parvin Etesami | Crédito: Independent Online

Legado: uma mulher a frente de seu tempo


Parvin acreditava que o verdadeiro fundamento de qualquer sociedade estável residia em sua capacidade de educar e capacitar as mulheres.

Seu espírito corajoso e rebelde a impulsionou a largar o emprego estável como bibliotecária em uma renomada universidade em Teerã  para se dedicar a compor poesias que condenavam a ditadura e a hipocrisia na sua época. 

A lágrima do órfão 

 

De todas as ruas e telhados erguiam-se gritos de alegria;
Naquele dia o rei estava passando pela cidade

Um menino órfão em meio a multidão pergunta
'O que é aquele brilho  no topo de sua coroa?'

Alguém respondeu: isso não cabe a nós saber,
Mas é uma coisa que não tem preço, isso é claro!

Uma velha aproximou-se, com as costas curvadas,
Ela disse: 'isso é o sangue do seu coração e a lágrima do meu olho!'

Sobre as lágrimas do órfão, mantenha seu olhar fixo.
Até ver de onde vem o brilho da joia.


Tradução livre do inglês baseada em Women NCRI 


Lugar de Mulher

Um lar sem mulher carece de amizade e afeto.
Quando o coração de alguém está frio, a alma está morta.

A Providência não decretou em nenhum livro ou discurso.
que a excelência é do homem e o defeito é da mulher.

No edifício da criação, a mulher sempre foi o pilar.
Quem pode construir uma casa sem alicerce?

Se a mulher não tivesse brilhado como o sol sobre a montanha da vida.
o joalheiro do amor em vão procuraria pedras preciosas na mina. (...)

Platão e Sócrates foram grandes porque suas próprias mães
quem os amamentou também foram grandes. 

Tradução livre do inglês baseada em Charter for Compassion


Pintura representando Parvin Etesami reverenciando o busto do poeta Saadi | Crédito: Ganjoor.net 

A poesia e a genialidade de Parvin Etesami são inigualáveis na história da literatura iraniana. Como tesouro nacional do Irã, sua poesia merece ser conhecida mundialmente. Infelizmente ainda não há traduções de poemas desta grande poeta iraniana para o português. 

📚 Livros com poemas de Parvin Etesami traduzidos para o inglês: 

• Divan of Parvin Etesami: tradução de Paul Smith - New Humanity Books, 2021
• Parvin Etesami The Greatest Female Persian Poet Complete Poemstradução de Paul Smith  - New Humanity Books, 2022
• The Book of Parvin Etesami:  tradução de Paul Smith  - New Humanity Books, 2021
• Parvin E'tesami: Life & Poetrytradução de Paul Smith  - New Humanity Books, 2021


🔎Fontes:

Persian Language & Literature: Parvin Etesami| Iran Chamber Society.

Parvin Etesami | Encyclopædia Iranica

Parvin E'tesami, Unmatched Cultural Treasure of Iran | Women NCRI

Acessos em: 17/03/2023

Forugh Farrokhzad: ícone da poesia e da resistência feminina iraniana

10/03/2023



Salam amigos! Hoje vamos conhecer um pouco da vida e obra da célebre poetisa e cineasta iraniana Forugh Farrokhzād, considerada uma das mais influentes vozes femininas da poesia no século XX.  

Forough Farrokhzād nasceu em 5 de janeiro de 1935 em Teerã, em uma família de classe média sendo a terceira de sete irmãos. Aos 15 anos ela ingressou na Escola Técnica Kamalolmolk, onde estudou moda e artes manuais. Aos 16, ela se casou com seu primo, o aclamado poeta satírico Parviz Shapour apesar de sua família ser contra e um ano depois teve seu primeiro filho Kamyar, para o qual dedicou “Um poema para você”. Seu casamento com Parviz durou apenas 3 anos, e após o divórcio seu ex-marido ganhou a guarda do filho. Após este episódio, ela decidiu atender seu chamado para a poesia e seguir a vida como uma mulher independente.

Forugh com Parviz Shapour e seu filho Kamyar | Crédito: Sinarium

Sua primeira obra, publicada em 1955, intitulada Asir (A Cativa), contém quarenta e quatro poemas. Neste mesmo ano ela sofreu um colapso nervoso e foi internada em uma clínica psiquiátrica.  
Em julho de 1956 Forough deixou o Irã pela primeira vez em uma viagem de nove meses pela Europa, e também neste ano ela publicou seu segundo trabalho, contendo vinte e cinco poemas líricos curtos, intitulada Divar (O Muro), dedicados a seu ex-marido. Ao retornar para o Irã teve início o relacionamento de Forough com o escritor e cineasta Ebrahim Golestan que motivou sua inclinação para expressar a si mesma e a viver uma vida independente.  Em 1958, a terceira coleção de poemas de Forough. Esian (Rebelião), estabelecendo a ascensão de sua carreira como poeta.  

Em 1962, Forugh também estreou sua carreira como cineasta, com o aclamado “A Casa é Escura”. Filmado em Tabriz, este documentário que mostra a vida em um leprosário foi aclamado internacionalmente e ganhou diversos prêmios.  Durante os doze dias das filmagens, ela se apegou a Hossein Mansouri, filho de um casal do leprosário, e adotou o menino que passou a viver na casa de sua mãe. Em 1963 a UNESCO produziu um documentário de trinta minutos sobre Forugh. O renomado cineasta Bernardo Bertolucci também veio ao Irã para entrevista-la e decidiu produzir um filme sobre a vida da poetisa.

Durante as filmagens de "A Casa é Escura" (1962) | Crédito: Wikimedia Commons

Em 1964 a quarta coleção de poemas de Forugh, Tavallodi Digar (Outro Aniversário), com trinta e cinco poemas compostos durante um período de seis anos foi publicada. Sua poesia se tornara madura e sofisticada e uma rompeu profundamente com as convenções anteriores da poesia iraniana moderna. E em 1965, sua quinta coleção de versos "Vamos crer no início da estação fria” estava sendo impresso, mas foi publicado somente após sua morte.

Na tarde do dia 14 de Fevereiro de 1967, Forugh sofreu um acidente enquanto dirigia seu automóvel ao voltar da casa de sua mãe em Darrus. Tentando evitar a colisão com um ônibus escolar, ela se chocou contra uma parede de pedra e ficou gravemente ferida. Com apenas 32 anos, no auge de sua criatividade faleceu uma das mais importantes vozes femininas da moderna poesia iraniana moderna. Seu enterro foi ao cair da neve no cemitério de Zahiro-Doleh em Teerã.

Forugh Farrokhzad, ícone da resistência feminina | Crédito: Farrokhzadpoems

Durante os anos 1950, ela expressou claramente seus sentimentos a respeito do casamento, da luta das mulheres iranianas e de sua própria situação como esposa e mãe incapaz de viver uma vida convencional em poemas como “Cativa”, “A banda de casamento”, “Chamado aos braços” e “Para minha irmã”. Como mulher divorciada escrevendo poesias controversas em Teerã, Forough atraiu para si muita reprovação por parte da sociedade conservadora. Além disso, ela teve vários relacionamentos breves um dos quais descreve em seu poema “O Pecado”.

 A obra de Farrokhzad foi censurada durante mais de uma década após a Revolução Islâmica. No entanto ela é agora lembrada como uma famosa poetisa iraniana e defensora dos direitos das mulheres. Ela escreveu sua poesia em uma época muito difícil para as mulheres e suas poesias se tornaram controversas por sua ousadia e duras críticas a situação das mulheres na sociedade iraniana. Em outras palavras, a obra de Farrokhzad, é considerada a voz da mulher iraniana e mais de 50 anos depois sua influência ainda ressoa, ainda mais poderosamente e diretamente do que seria possível para as poetisas do Irã de hoje em dia.

Forugh na década de 1960, fotografada por Ebrahim Golestan 


 BIBLIOGRAFIA DE FORUGH FARROKHZAD

A Cativa (1955)
O Muro (1956)
Rebelião (1958)  
Outro Aniversário (1964)
Vamos crer no início da estação fria (póstumo 1967)
Pecado: poemas selecionados de Forough Farrokhzad (2007)

Ainda não há obras de Forugh Farrokhzad traduzidas para a língua portuguesa. Por isso deixo com vocês duas traduções livres e em outras oportunidades postarei mais poemas:

OUTRO NASCIMENTO

Todo o meu ser é um cântico escuro
a perpetuar você
cântico que o levará ao amanhecer de eterno crescer e
desabrochar
Neste cântico eu suspirei você, suspirei.
Neste cântico eu uni você à árvore, à água, ao fogo.

A vida é talvez
uma longa estrada através da qual, uma mulher
carregando um cesto, passa todos os dias
A vida é talvez
uma corda com que um homem se pendura num galho
a vida é talvez uma criança voltando da escola.

A vida é talvez acender um cigarro,
repouso entorpecido entre dois atos de amor,
ou um passante confuso
que tira o chapéu para outro passante
com um sorriso vazio e um “bom dia”.

A vida é talvez o momento sem saída
quando meu olhar se destrói nos raios da íris dos seus olhos
e nisso há um sentimento
que se mescla à percepção da Lua
e da escuridão.

Numa sala, do mesmo tamanho que a solidão, meu coração é tão grande quanto o amor
que olha os simples pretextos da sua felicidade
na bela decadência das flores de um vaso
nos brotos que você plantou no nosso jardim,
na canção dos canários
que cantam na medida da janela.

Ah
esta é a parte que me cabe
esta é a parte que me cabe
parte que me cabe
é um céu que, quando cai
a cortina, é arrancado de mim.
A parte que me cabe desce uma escada sem uso
e alcança certa podridão e nostalgia.

A parte que me cabe é um passeio triste no jardim de memórias
ao deixar a vida na dor de uma voz que me diz:
Eu gosto das suas mãos.

Plantarei minhas mãos no jardim
e vou germinar, eu sei, eu sei, eu sei
e andorinhas botarão ovos
na cavidade manchada de tinta dos meus dedos.

Vestirei um par de cerejas vermelhas e idênticas, como brincos,
e enfeitarei com pétalas de dálias, as minhas unhas.
Há uma rua
onde os meninos que eram apaixonados por mim
demoram-se, ainda, com os mesmos cabelos despenteados,
pescoços finos e pernas magras.
Pensar no sorriso inocente de uma menina
que uma noite foi levada pelo vento.

Há uma rua
que meu coração roubou
dos bairros da minha infância.

Ao longo do tempo, a viagem de uma forma
insemina a linha seca do tempo,
uma forma consciente de uma imagem
voltando de uma festa num espelho.

E é dessa forma
que alguém morre
ou continua a viver.

Nenhum pescador achará uma pérola num miserável riacho
que deságua num açude.
Eu conheço uma triste fada,
que vive num mar imenso
e toca seus sentimentos mais profundos na flauta de madeira,

Pouco a pouco
uma pequenina e triste fada
morre com um beijo a cada noite
e renasce com um beijo a cada amanhecer.


SAUDAREI O SOL NOVAMENTE


Eu saudarei o sol novamente
Saudarei os córregos que fluem de mim
Saudarei as nuvens, meus longos pensamentos
O doloroso crescimento das flores no jardim
Que me acompanham na travessia da seca;

Saudarei os bandos de corvos que me trouxeram
A fragrância dos campos noturnos;
Minha mãe morava no espelho
E era a imagem da minha velhice;
A terra, com minha luxúria cotidiana
Preencheu suas entranhas, apaixonadamente, com sementes verdes.
Saudarei tudo isso novamente.
Eu virei, eu virei,
eu virei com meus cabelos: a continuação dos odores subterrâneos
Com meus olhos: as densas experiências da escuridão
Com as plantas que colho
Da floresta, atrás do muro.
Eu virei, eu virei, eu virei
E a chegada será preenchida de amor
E lá
Saudarei mais uma vez os apaixonados
E a menina que está em pé
Na entrada,
cheia de amor.


Traduções do livres inglês para o português realizadas por Gabriela Galli, a partir do livro Once again, Another Birth. Editor: Tofighafarin, Irã.


🔎 Fontes consultadas:  Iran Chamber |  Poem Hunter | ZUNÁI Revista de Poesia & Debates


📚 Dicas de livros com poemas de Forugh Farrokhzad (em inglês):

Another Birth and Other Poems by Forugh Farrokhzad, tradução por Hasan Javadi - Mage Publishers, 2013

Sin: Selected Poems of Forugh Farrokhzad - University of Arkansas Press, 2010

Let Us Believe in the Beginning of the Cold Season: Selected Poems - New Directions Publishing Corporation, 2022

Forugh Farrokhzad, Poet of Modern Iran: Iconic Woman and Feminine Pioneer of New Persian Poetry, por Dominic Parviz Brookshaw e Nasrin Rahimieh -  I.B. Tauris, 2010 


10 Mulheres iranianas que vão te inspirar

08/03/2023



Salam amigos! Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, hoje trago 10 mulheres inspiradoras de origem iraniana. São artistas, cientistas, poetisas, escritoras, cineastas, esportistas e ativistas que com suas histórias de vida, transcenderam os limites de seu tempo e sociedade trazendo contribuições magníficas para toda a humanidade. 

1- ANOUSHE ANSARI: A primeira astronauta iraniana  


Anoushe Ansari
Anoushe Ansari, engenheira e empresária
Anoushe Ansari é engenheira e empresária, nascida em Mashhad. Em 18 de setembro de 2006, subiu ao espaço na nave russa Soyuz TMA-9, para uma estadia de nove dias a bordo da Estação Espacial Internacional. Primeira mulher na categoria de turistas espaciais a pagar a sua própria passagem para fora da atmosfera terrestre, obteve a fama de ser a primeira turista do sexo feminino no espaço.
Emigrou para os Estados Unidos em 1984 para poder seguir estudos na área da Ciência, limitados às mulheres no Irã pós-revolução islâmica de 1979. Naturalizada norte-americana nos anos 80, formou-se em engenharia elétrica e ciência de computadores na prestigiosa Universidade George Washington, localizada em Washington, DC.
É hoje sócia, co-fundadora e CEO da empresa Telecom Technologies, que fundou com seu marido e seu cunhado nos anos noventa.
Como principal contribuinte financeira da Fundação X-Prize, Anousheh Ansari dá nome ao prêmio Ansari X Prize, oferecido pela fundação a quem fizesse o primeiro voo espacial sub-orbital independente da história. 

2- AZAR NAFISI:  professora de literatura que enfrentou a censura

 

Azar Nafisi
Azar Nafisi, escritora a professora de literatura 
Azar Nafisi é uma escritora nascida em Teerã. Aos 13 anos mudou-se para os Estados Unidos, onde concluiu sua formação acadêmica em literatura inglesa e norte-americana. Retornou para o Irã em 1979, após a Revolução Islâmica, e ensinou literatura inglesa na Universidade de Teerã, onde permaneceu durante 18 anos contra a censura das obras literárias no âmbito da Universidade.
Em 1995, sua postura de discordância com as autoridades custou seu cargo como professora universitária, mas nem isso fez com que ela abandonasse sua paixão pela docência da literatura e convidou sete de suas melhores ex-alunas para prosseguir com os estudos em sua própria residência, em encontros "clandestinos". Elas se reuniram para estudar livros controversos na sociedade iraniana pós-revolução como Lolita, Orgulho e Preconceito buscando contextualizar estas obras na perspectiva do Irã moderno. A sua história é narrada no livro Lendo Lolita em Teerã (veja resenha aqui).
Atualmente ela vive nos Estados Unidos e é acadêmica visitante e conferencista no Instituto de Política Estrangeira na Escola de Estudos Internacionais Avançados (SAIS) da Universidade John Hopkins. 

3- FORUGH FARROKHZAD: uma poetisa à frente do seu tempo 


Forugh Farrokhzad
Forugh Farrokhzad, escritora, poetisa e cineasta
Forugh Farrokhzad foi uma poetisa, escritora e cineasta nascida em Teerã em 1935. Considerada uma das personalidades literárias mais importantes de seu país no século XX e um símbolo do feminismo no Irã.
Farrokhzad, se casou aos 16 anos com o satirista Parviz Shapour de quem se divorciou após dois anos. Na década de 1950, como mulher divorciada, escrevendo uma poesia controversa, acabou atraindo muitas reações negativas por parte da sociedade vigente. Em 1958, após passar 9 meses na Europa, ela retornou ao Irã e manteve um relacionamento com o cineasta Ebrahim Golestan, que a incentivou a expressar a si mesma e a viver como uma mulher independente.
Seu famoso documentário A Casa é Escura, sobre um leprosário em Tabriz, filmado em 1962 é considerado parte essencial da New Wave do cinema iraniano.
Farrokhzad morreu em um acidente de carro em fevereiro de 1967, aos 32 anos. Seus poemas, que utilizavam uma linguagem coloquial e com forte teor feminista foram censurados por mais de uma década após a Revolução Islâmica.
Atualmente ela é lembrada como uma defensora dos direitos femininos, por ter se tornado escritora em uma época onde as mulheres eram duramente reprimidas. 


4- MARJANE SATRAPI: a primeira escritora de HQ iraniana 


Marjane Satrapi
Marjane Satrapi, escritora, romancista gráfica, ilustradora e cineasta
Marjane Satrapi é uma romancista gráfica, ilustradora, cineasta e escritora nascida em Rasht em 1969. Ficou conhecida como a primeira iraniana a escrever história em quadrinhos. A adaptação animada de sua série de quadrinhos Persépolis, que ela co-dirigiu junto a Vincent Paronnaud, foi indicada para o Oscar.
Marjane Satrapi cresceu em Teerã em uma família que se envolveu com os movimentos comunista e socialista no Irã antes da Revolução Iraniana. Lá frequentou o Lycée Français e presenciou, durante a infância, a crescente repressão das liberdades civis e as consequências da política iraniana na vida cotidiana dos habitantes do país, incluindo a queda do Xá, o regime inicial de Ruhollah Khomeini, e os primeiros anos da Guerra Irã-Iraque.
Em 1983, então com 14 anos, Satrapi foi mandada para Viena, na Áustria, por seus pais. Ela permaneceu em Viena durante o ensino médio, morando na casa de amigos, em pensionatos e repúblicas estudantis, até finalmente ficar desabrigada e morar nas ruas. Após um ataque quase mortal de pneumonia, em decorrência das graves condições de vida, ela retornou ao Irã. Conheceu um homem chamado Reza, com quem se casou aos 21 anos e divorciou-se cerca de três anos depois.
Em seguida, ela estudou Comunicação Visual, e posteriormente obteve o mestrado em Comunicação Visual pela Faculdade de Belas artes em Teerã, Universidade Islâmica Azad. Atualmente ela vive em Paris, onde trabalha como ilustradora e autora de livros infantis. 


5- MARYAM MIRZAKHANI: uma estrela brilhante da matemática

 

Maryam Mirzakhani, matemática e cientista
Maryam Mirzakhani foi uma matemática nascida em 1977 em Teerã. Estudou no Liceu Farzanegan, ligado à Organização Nacional para o Desenvolvimento de Talentos Excepcionais (NODET). Em 1994, em Hong Kong, Mirzhakhani ganhou uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática, tornando-se a primeira mulher iraniana a receber o prêmio. Na edição da competição de 1995, sagrou-se como a primeira pessoa nascida no Irã a receber uma nota perfeita e a ganhar duas medalhas de ouro.
Em 1999, obteve um bacharelado em matemática na Universidade Tecnológica de Sharif de Teerã. Mudou-se para os Estados Unidos a fim de desenvolver sua pós-graduação, onde obteve um doutorado na Universidade de Harvard em 2004, orientada por Curtis McMullen que recebeu a Medalha Fields em 1998. Foi pesquisadora assistente do Clay Mathematics Institute em 2004 e conferencista da Universidade de Princeton. Aos 31 anos, em setembro de 2008, Mirzakhani tornou-se professora de matemática da Universidade Stanford.
Em 2014, Mirzakhani foi premiada em Seul com a Medalha Fields por "suas excepcionais contribuições à dinâmica e à geometria de superfícies de Riemann e seus espaços de módulos". Ela faleceu em julho de 2017, em Palo Alto nos Estados Unidos, vítima de câncer de mama. 

6- SAMIRA MAKHMALBAF: a menina prodígio do cinema iraniano


Samira Makhmalbaf, cineasta
Samira Makhamalbaf é uma cineasta, nascida em Teerã em 1980. Aos 8 anos de idade ela atuou no filme O Ciclista, dirigido por seu pai Mohsen Makhmalbaf.
Aos 17 anos, ela dirigiu seu primeiro filme A Maçã e, se tornou a mais jovem diretora do mundo a participar da sessão oficial do Festival de Cannes em 1998, tendo recebido elogios do lendário cineasta Jean-Luc Godard. A Maçã foi convidado para mais de 100 festivais internacionais de cinema em um período de 2 anos.
Em 1999, Samira fez seu segundo filme Quadros Negros, e pela segunda vez foi escolhida para competir na sessão oficial de Cannes em 2000. Este filme também recebeu muitos prêmios internacionais incluindo o Federico Fellini Honor Award da UNESCO e o Francois Truffaut Award da Itália.
Em 2013, pela terceira vez Samira Makhmalbaf foi a Cannes e pela segunda vez recebeu o prêmio do Júri em com seu filme Às Cinco da Tarde, o primeiro filme feito no Afeganistão após a queda do Talibã. Em 2004, ela foi eleita uma das 40 melhores diretoras do mundo pelo jornal The Guardian. 

7- SHADI GHADIRIAN: a mais influente fotógrafa iraniana 


Shadi Ghadirian, fotógrafa
Shadi Ghadirian é uma fotógrafa, nascida em Teerã em 1974. Desde sua graduação pela Universidade Azad em Teerã com um bacharelado em fotografia, Shadi Ghadirian se estabeleceu como um dos maiores talentos criativos do Irã. Ela é mais conhecida por seus retratos evocativos que englobam uma grande variedade de assuntos incluindo a identidade feminina, censura, e questões de gênero.
Inspirando-se em suas próprias experiências de vida, a artista usa humor e paródia como ponto de partida para suas investigações sobre os paradoxos do que é ser mulher no Irã. De acordo com Anahita Ghabaian Etehadieh, diretora da Galeria Silk Road, já nos anos 90 Ghadirian se tornou uma das primeiras fotógrafas iranianas a mudar a percepção do público sobre a arte e sociedade contemporânea do Irã. "Por meio de um estilo único de expressão, ela começou a contradizer as imagens severas e brutais comumente associadas ao Irã, desafiando dilemas sociais do Oriente e como o mundo via o Irã através da linguagem da arte".
 

8- SHIRIN NESHAT: uma artista engajada e de prestígio 

 

Shirin Neshat, artista visual
Shirin Neshat é uma artista visual nascida em Qazvin em 1957. Seus trabalhos, principalmente em vídeo arte e fotografia apontam os contrastes entre o Islã e o Ocidente, masculino e feminino, vida pública e privada, antiguidade e modernidade, buscando criar pontes entre estes temas. Ela deixou o Irã para estudar artes em Los Angeles, na época da Revolução Islâmica. Após concluir sua pós graduçação, mudou-se para Nova York e se casou com o curador coreano Kyong Park.
Shirin Neshat é uma artista de enorme prestígio e tendo recebido o Prêmio Internacional da XLVIII Venice Biennale em 1999 e também o Leão de Prata, como melhor diretora no 66º Venice Film Festival em 2009.
Em 2010, Neshat foi nomeada Artista da Década pelo crítico G. Roger Denson do Huffington Post.
Em 2015, ela foi selecionada pela fotógrafa Annie Leibovitz como parte do 43º Calendário Pirelli que celebrou algumas das mulheres mais inspiradoras do mundo. Atualmente ela vive em Nova York e seus trabalhos se encontram em diversas galerias do mundo. 

9- KIMIA ALIZADEH: A primeira mulher medalhista olímpica do Irã  

 
Kimia Alizadeh, atleta de taekwondo


Kimia Alizadeh é uma atleta do taekwondo nascida em Karaj, em 1998. Quando tinha sete anos, Kimia entrou no ginásio de sua cidade, que só oferecia aulas de taekwondo. Demorou, mas ela acabou aprendendo a amar a arte marcial e, em um ano, era campeã nacional. Aos 18 anos, ela se tornou a primeira mulher medalhista Olímpica do Irã (conquistando o bronze na categoria de 57 kg). 
Ela foi saudada como uma heroína em casa e recebeu o apelido de "tsunami" devido às suas poderosas façanhas. Mas em Janeiro de 2020, tudo mudou. A atleta nascida em Karaj fugiu de seu país natal, chamando a si mesma de "uma das milhares de mulheres oprimidas no Irã" em uma postagem do Instagram.
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, Kimia competiu pelo pela Equipe Olímpica de Refugiados do COI. A atleta que vive atualmente na Alemanha com seu marido, disse que permaneceria "uma filha do Irã" onde quer que estivesse, e que continuaria a lutar pela igualdade, para que todas as mulheres pudessem seguir seus sonhos.


 

10- ZAHRA NEMATI: a maior medalhista paralímpica do Irã 


Zahra Nemati, arqueira paralímpica

Zahra Nemati  é uma arqueira paralímpica e olímpica nascida em Kerman em 1985. Faixa preta em taekwondo, tinha o objetivo de chegar a uma Olimpíada competindo na modalidade que amava. Seu sonho foi parcialmente interrompido em 2003, quando sofreu um acidente de carro que causou uma lesão na espinha e a deixou sem movimentos nas pernas. 
Três anos após o acidente ela passou a praticar tiro com arco. Com apenas seis meses de treinamento, Zahra ficou em terceiro lugar no campeonato nacional, competindo ao lado de atletas sem deficiência. Em 2012, ela se classificou para os Jogos Paralímpicos de Londres, onde fez história. Ao subir ao lugar mais alto do pódio na categoria arco recurvo, Zahra se tornou a primeira mulher iraniana a conquistar uma medalha de ouro em uma Olimpíada ou Paralímpiada. 
As conquista de Zahra não pararam por aí,  ela conquistou mais três medalhas nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 (ouro e prata) e Tóquio 2020 (ouro). 

E você conhece mais alguma mulher de origem iraniana inspiradora e influente que não foi citada aqui? Com certeza se você der uma busca no Google, vai encontrar muitas e muitas que não caberiam em um só post! Que  sejamos inspiradas hoje e sempre pelos exemplos dessas grandes mulheres! 

💐Feliz Dia Internacional da Mulher! 💐

Torre Azadi: um símbolo da cidade de Teerã e do Irã

03/03/2023


Salam amigos! Hoje vamos falar sobre um dos cartões postais da cidade de  Teerã que também pode ser considerado um símbolo de todo Irã, a magnífica Borj-e Azadi ou Torre Azadi.


Construída em 1971 por ocasião das comemorações dos 2.500 anos do Império Persa, a torre foi chamada originalmente de Shahyād que significa "memorial dos reis". Passou a chamar-se Azadi ("liberdade") a partir dos protestos que tiveram lugar em 12 de dezembro de 1978 que conduziriam à Revolução de 1979. O monumento foi projetado pelo jovem arquiteto Hossein Amanat, e construído pelo engenheiro Mohammad Pourfathi. 


A história do projeto 


Em 1967, foi realizado um concurso no qual participaram arquitetos de todo o Irã para desenhar um símbolo que representasse o país. O arquiteto Hossein Amanat de 24 anos, formado pela faculdade de Belas Artes da Universidade de Teerã venceu o concurso e seu projeto foi selecionado para a construção. Em 1972, a então nomeada torre Shahyad foi colocada em operação e foi registrada na lista de monumentos nacionais do Irã em 16 de março de 1972. 


O projeto arquitetônico combina elementos de vários períodos da história do Irã. As linhas paralelas e alongadas das fundações são uma reminiscência do estilo arquitetônico aquemênida, o arco principal entre as torres, representa o Arco Kasra do período sassânida. O arco superior, que é um arco ogival, é inspirado pela era pós-islâmica e demonstra a influência do Islã no Irã.Os padrões que preenchem o vão entre estes dois arcos, é tipicamente iraniano. 


A Torre Azadi durante sua construção e o jovem arquiteto Hossein Amanat 

Uma das maiores inspirações do arquiteto Hossein Amanat também foi o design das cúpulas das mesquitas iranianas com sua variedade técnica e diversidade impressionante.


A geometria do edifício é uma geometria quadrada retangular que gira em seu pedestal, torna-se hexagonal e, finalmente, forma uma cúpula. que só pode ser vista de dentro da torre.


No interior da torre existem dois pisos, um por cima do arco do arco principal e outro por baixo da cúpula, que pode ser acessado por elevador. O piso superior foi concebido como uma exposição que combina elementos da tradição e do modernismo. 


Na construção da torre foram usados materiais selecionados como ferro e placas de mármore branco extraídas das minas de Josheghan na província de Isfahan.  Também foram usadas pedras de granito de Hamedan na construção das portas principais, e as pedras dos pisos foram extraídas da Mina de Pérola no Curdistão. 


Hossein Amanat também usou como referência outros elementos da arquitetura iraniana, como os Badgir (torre de vento),  o Chahartagh (estrutura com quatro arcos), os jardins persas, os bazares, as mesquitas e os azulejos iranianos para multiplicar a beleza deste monumento e para ajudar os turistas a compreender melhor a cultura e civilização iraniana.


Localização e dimensões



A Torre Azadi  é uma das atrações turísticas mais famosas de Teerã, na Praça Azadi localizada no cruzamento de três rodovias e uma das principais ruas da cidade (Rodovia Shahid Lashgari a oeste, Rodovia Saeedi ao sul, Rodovia Jinnah ao norte e Rua Azadi). Devido à sua proximidade com o Aeroporto Internacional de Mehrabad, muitos turistas se deparam com este magnífico monumento assim que chegam à capital do Irã. 


A área total da praça é de 78.000 metros quadrados e a torre foi construída como um portal, com a altura de cerca de 45 metros e a largura  64 metros. Ao redor do edifício, com inspiração no jardim de Pasárgada, aquedutos, fontes de água, e canteiros de flores coloridas adornam a praça e completam o conjunto da obra. 



O que você vai ver na Torre Azadi 


Atualmente, o complexo Azadi  combina a torre e o museu subterrâneo. A exposição do museu consiste em cerca de 50 artefatos históricos, representando diferentes períodos da história do Irã.  A Torre Azadi freqüentemente se torna um local de eventos sociais e culturais, como instalações multimídia, concertos e festivais. 


Programe-se para uma hora de visita incluindo o museu para aprender mais sobre a história do Irã, passando pelas surpreendentes instalações multimídia high-tech e depois suba até o topo da torre para apreciar a vista de 360 graus da cidade de Teerã. 


À noite, flashes de luzes coloridas tomam conta da fachada da torre, e a fonte de água também é iluminada criando um espetáculo visual.



Leia também:  O dia em que eu visitei Teerã e a Torre Azadi


🚇 Onde fica: Torre Azadi, Praça Azadi, Distrito 10, Teerã (Entre as estações de metrô: Meydan-e Azadi e Ostad Moein). Horário de visitação: domingo à quinta, das 9h às 18h; sexta das 10 às 18h. 


🔎Fontes consultadas: 


📽 Agora que tal explorarmos juntos a Torre Azadi? Assista a este vídeo espetacular produzido pelo cineasta iraniano Dariush Bagheri que eu traduzi com muito carinho para vocês! 

Contagem regressiva para o Nowruz

02/03/2023

Nowruz Ano Novo Persa

Salam amigos! Estamos na contagem regressiva para o Nowruz o Ano Novo Persa. Em menos de 3 semanas, será o ano de 1402 do calendário iraniano!

O Nowruz (que em persa significa "Novo Dia"), corresponde ao equinócio de primavera, no hemisfério norte (este ano cai no dia 20 de março). A celebração do Nowruz existe há pelo menos 3 milênios e está profundamente enraizado nas tradições do Zoroastrismo, a religião ancestral dos persas.

Além do Irã, o Nowruz também é celebrado no Afeganistão, regiões do Curdistão, países da Ásia Central, além das comunidades persas ao redor do mundo. 

Confira no infográfico como são os preparativos para esta data! 

Contagem regressiva para o Nowruz
Durante o mês de Março, o Chá-de-Lima da Pérsia trará um conteúdo especial dedicado ao Nowruz.

 Siga  as nossas páginas no Facebook Instagram e inscreva-se em nosso no canal do  YouTube

💞 Este é um artigo inédito em língua portuguesa que você só encontra aqui no blog Chá-de-Lima da Pérsia. Se você também é fã da cultura do Irã e considera importante o nosso trabalho, saiba aqui como você pode apoiar o blog. 

Festivais e celebrações na cultura persa

23/02/2023


Salam amigos! Para entendermos melhor a cultura do Irã, devemos conhecer quais são os festivais e celebrações que fazem parte da vida do povo iraniano há milênios.


A maioria dos festivais na cultura iraniana, tem origem nos rituais da antiga religião zoroastriana, ou seja, eles eram observados antes da era islâmica no Irã. Atualmente, iranianos de diferentes crenças também celebram estes festivais como uma forma de manter viva a riqueza de sua cultura ancestral.


Para sabermos as datas em que são comemorados esses festivais da cultura persa, deve-se ter como base o calendário iranianoum calendário solar utilizado no Irã desde 1925, no Afeganistão desde 1957 e em alguns países da Ásia Central e regiões do Curdistão. As celebrações islâmicas no Irã, seguem o calendário islâmico lunar, assim como os demais países islâmicos.


Vamos começar pela maior e mais importante celebração da cultura iraniana, que é  Noruz, o Ano Novo persa e outras celebrações ligadas a ele:


Noruz: Ano Novo persa


Data: 1º de Farvardin (20 ou 21 de março)



O Ano Novo no calendário iraniano, cai no início da primavera no hemisfério norte (equinócio de primavera). Em persa, o ano novo é chamado de Noruz, que é a junção das palavras no, que significa "novo" e ruz, que significa dia. Então, para os iranianos, celebrar o ano novo é como começar um "novo dia" ou nova vida, pois a primavera traz a renovação da vida.


As comemorações do Noruz duram 12 dias, e como costume as famílias se reúnem, se visitam e trocam presentes. Há muitas outras tradições e rituais que fazem parte desta época, incluindo o khane tekani (faxina da casa um mês antes), compras de ano novo, preparar comidas típicas e a montagem da Haft Sin (mesa com espelho, velas, aquário com peixe, ovos coloridos e 7 itens simbólicos que começam com a letra persa /sin/ س  simbolizando saúde, amor, prosperidade, etc).


No Noruz, também há personagens folclóricos que são representados por pessoas com trajes especiais ou bonecos que enfeitam as ruas, como o Haji Firuz (palhacinho de roupas vermelhas e rosto negro que canta, dança e toca tamborim), o Amu Noruz , velhinho de barbas brancas e roupas verdes que traz presentes para as crianças, que representa a chegada da primavera e a Naneh Sarma, a velhinha de tranças brancas, que representa o inverno (em diferentes tradições ela é a mãe ou esposa do Amu Noruz).


No Irã, o Noruz é um feriado nacional e também é comemorado em outros países como Afeganistão, Azerbaijão, Tadjiquistão e outros países da Ásia Central e é considerado um dos Patrimônios da Humanidade pela Unesco


Sizdah Bedar: 13º dia do ano novo persa


Data: 13º de Farvardin (2 ou 3 de abril)



O 13° dia do Ano Novo persa, marca  o fim das férias escolares para as crianças e a volta ao trabalho para os adultos. Neste dia as famílias deixam suas casas e fazem passeios ao ar livre, jogos e piquenique nos parques ou nas montanhas em harmonia com uma nova estação que se inicia.

Esta tradição é chamada Sizdah Bedar, que pode ser traduzida como "dia 13 fora de casa" (sizdah significa 13 que na cultura persa também é número de azar). Este divertido passeio envolve todos os membros da família e destina-se a encerrar a as comemorações do Noruz de forma positiva e relaxante. 

O Sizdah Bedar é uma combinação de vários rituais que remontam a era pré-islâmica. Esta data, no calendário zoroastriano era devotada ao deus Tishtrya (Tir), o guardião das chuvas. Outros rituais que fazem parte desta data são, jogar fora o sabzi (matinho verde da mesa Haft Sin) e para as moças solteiras, dar um nó em uma folha de grama para conseguir um bom casamento.


Chahârshanbe Suri: última quarta-feira do ano


Data: última quarta-feira antes do Noruz 



Na véspera da última quarta-feira antes do Noruz, é celebrada a Chahârshanbeh Suri, que significa "quarta-feira vermelha". Esta data simboliza a vitória da luz contra as trevas (do bem contra o mal) e remonta a um ritual celebrado pelos persas há  mais de 2500 anos oriundo dos ancestrais zoroastrianos.
 
À meia-noite as pessoas saem pelas ruas e fazem grandes piras, saltam sobre fogueiras ou brincam com fogos de artifício cantando a canção tradicional: Zard-ye man az to, sorkh-ye to az man, que pode ser traduzida como "Minha cor amarela para você, sua cor vermelha para mim" isto é um pedido para que toda as doenças (cor amarela, palidez) sejam tomadas pelo fogo e devolvidas como saúde e força (cor vermelha).

Um outro ritual bem curioso desta data lembra o Halloween. De acordo com a tradição, nos últimos dias do ano, os vivos são visitados pelos espíritos de seus ancestrais e muitas crianças saem vestidas como fantasminhas simbolizando esses ancestrais, batendo em panelas com colheres e pedindo agradinhos de porta em porta. 


Outros festivais importantes da cultura persa, não são feriados, mas têm ligação com os ciclos da natureza e das estações do ano. Estes festivais são sagrados para a minoria religiosa de zoroastrianos que vive no Irã atual, mas também são celebrados  por iranianos de outras crenças:


Khordadgân: festival das águas


Data: 6º de Khordâd (26 ou 27 de maio)



O Khordâdgân, é um festival de origem zoroastriana que lembra a importância de honrar e lembrar a importância do elemento água para a manutenção da vida.

Khordâd tem origem na palavra Hauvrtat que significa “saúde e bem-estar” no antigo persa, é o nome  de um anjos guardiães da tradição zoroastriana, que é representada como uma divindade feminina que protege as águas dos rios e dos mares.

O lírio branco, especialmente o que cresce no norte do Irã, é a flor símbolo da celebração de Khordadgân, que acredita-se ter o “cheiro da amizade”. Tradicionalmente os iranianos celebram este festival, perto de fontes de água, rios ou lagos.


Tirgân: festival das chuvas 


Data: 13º de Tir ( 2, 3 ou 4 de agosto)



O Tirgân ou "Festival da Chuva" também é uma das tradições do zoroastrismo, que ainda hoje é revivida pelo povo iraniano. O nome do festival vem do arcanjo, Tir o guardião das tempestades e trovões que trazem as chuvas tão necessárias que aumentam a colheita e evitam a seca durante o verão árido do Irã.

Há também uma outra lenda que associa a celebração de Tirgân ao herói persa Arash, que subiu ao topo do monte Damavand e disparou sua flecha encerrando a disputa territorial entre os reinos do Irã e Turan, e trazendo a chuva. 

As celebrações de Tirgan têm diversos costumes e tradições que variam de acordo com cada região do Irã. Entre estes costumes  podemos citar: brincadeiras de jogar água para desejar um ano abençoado pelas chuvas, adivinhar a sorte através de objetos tirados de dentro de um jarro, e amarrar uma fita colorida no pulso dez dias antes fazendo um pedido e soltá-la ao vento. 


Mehregân: festival de outono 


Data: 10º de Mehr (1 ou 2 de outubro)



Mehregân é uma festividade persa zoroastriana celebrada  em honra à Mehr, também conhecida como Mitra, divindade guardiã da amizade, afeição e amor. Esta comemoração também marca o início do outono. A data corresponde ao dia das colheitas no qual os agricultores agradeciam a Deus pela dádiva do alimento que armazenarão durante os meses do inverno.

Nesta ocasião, as pessoas usam roupas novas e preparam uma mesa decorativa. Sobre a toalha da mesa são espalhadas folhas de manjerona seca, uma cópia do livro sagrado zoroastriano Avesta, um espelho e um vidrinho de sormeh (pó preto para os olhos), água de rosas, doces, flores, vegetais e frutas da estação.

Na hora do almoço, as famílias fazem suas preces diante do espelho. Uma bebida fresca de frutas é servida e o sormeh é passado nos olhos. Punhados de manjerona, lótus e sementes de ameixas são jogadas no ar, enquanto todos se saúdam.


Yalda: a noite mais longa do ano 


Data: 1º de Dey  (20, 21 ou 22 de dezembro) 



A Yalda, como é popularmente chamada, é a noite mais longa do ano no Hemisfério Norte, ou seja, na véspera do Solstício de Inverno.

A tradição da Shab-e Yalda (em persa "Noite de Nascimento") ou Shab-e Chelleh ("Noite dos Quarenta dias de inverno")  remonta aos tempos antigos. Os zoroastrianos acreditavam que era a noite do nascimento de Mitra, divindade persa da luz e da verdade.

Nos dias atuais, embora a Yalda não seja um feriado oficial no Irã, as famílias continuam as tradições, assim como programas de rádio e televisão fazem uma programação especial.

Em muitas partes do país as famílias se reúnem e desfrutam de um delicioso jantar e muitas variedades de frutas e doces especialmente preparados para a ocasião são servidos. A fruta mais típica é a melancia, pois acredita-se que esta garante a saúde e o  bem-estar.

Depois do jantar, as pessoas mais velhas contam histórias. E também, outro passatempo favorito desta noite é a adivinhação da sorte através do livro Divan do poeta  Hafez.


Bahmanagân: festival em honra dos animais


Data: 2º de Bahman  (21 ou 22 de janeiro)


Na tradição zoroastriana, o arcanjo Bahman ou (Vohu Manah, no persa antigo)  é considerado o guardião dos animais. Por isso, o festival de Bahmanagân é lembrado como um dia em que as pessoas evitavam comer carnes e abater os animais. Alguns zoroastrianos continuam a se abster de carne e matar animais durante todo o mês de Bahman.

Atualmente, embora pouco lembrado o moderno festival que também é conhecido como Bahmanruz continua a ser um dia  sagrado para a comunidade zoroastriana no Irã.

Em 2016, ativistas do meio ambiente e dos direitos dos animais no Irã  nomearam o dia 16 de janeiro como o “Dia Nacional dos Animais” por se tratar de uma data próxima ao Bahmanagân e por seu significado especial na cultura persa.

Sadeh: festival do fogo


Data: 10 º de  Bahman (29 ou 30 de janeiro) 



O Sadeh é um festival que tem raízes nas tradições da antiga Pérsia. O nome Sadeh significa "cem", que é o número de dias e noites (50 dias) restantes para para a chegada do Noruz. Os rituais desta data consistem em reunir-se em torno de uma grande fogueira e entoar cânticos de ação de graças.

Na religião ancestral do Irã, o zoroastrismo, o fogo simboliza a luz divina. E como essa celebração cai em meados do inverno no Hemisfério norte, o fogo também simboliza a proteção contra o frio e a escuridão. As origens mitológicas deste festivais também estão associadas a descoberta do fogo pelo lendário rei persa Hushang. 

Atualmente no Irã, o festival de Sadeh ainda é celebrado em muitas cidades. 

Sepandarmazgân: dia de celebrar o amor 


Data: 29º de Bahman (17 ou 18 de fevereiro)



O Sepandârmazgânfestival que remonta à antiga Pérsia, costumava ser dedicado às mulheres, e neste dia os homens deviam presenteá-las e tratá-las como rainhas. Este dia era dedicado a Sepandarmaz,  um dos anjos guardiães, cujo nome significa "humildade, paciência e pureza" quem abençoa as mães que dão a luz e a colheita dos agricultores. 

Atualmente, devido a proximidade entre as datas, muitos celebram o Sepandârmazgân como uma versão iraniana do Valentine's Day. Nas ruas de várias cidades do Irã, é possível ver lojas decoradas com corações vermelhos, bichinhos de pelúcia gigantes e muitas rosas.  É comum também nessa data, os casais iranianos, especialmente os mais jovens comemorarem com jantares românticos e trocarem presentes entre si, exatamente como no estilo ocidental. 


🔎Este é um resumo de vários posts sobre Festas e celebrações publicados neste blog, as fontes estão citadas nos artigos originais. Para saber mais clique nos links destacados.

_____________________________________

💞Ajude o blog Chá-de-Lima da Pérsia a continuar divulgando conteúdos inéditos sobre a cultura iraniana para o público brasileiro. Clique aqui e saiba como apoiar com uma doação